A hipertensão arterial é uma das doenças mais silenciosas e perigosas da atualidade. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), mais de 30% da população adulta é hipertensa, e apenas metade sabe do diagnóstico. Ainda mais preocupante: entre os que sabem, muitos não tratam adequadamente.

O problema?

A hipertensão raramente causa sintomas. Por isso, é comum ouvir no consultório:

“Doutor, mas eu não sinto nada…”

É justamente aí que reside o perigo. A pressão alta danifica o organismo em silêncio, afetando coração, cérebro, rins e vasos sanguíneos. As consequências podem ser graves: infarto, AVC, insuficiência cardíaca, arritmias, aneurismas e falência renal.

Com base nas principais diretrizes nacionais e internacionais — incluindo SBC (2020), AHA/ACC (2017) e ESC/ESH (2023) — aqui estão as três atitudes mais importantes que todo hipertenso precisa adotar para reduzir riscos e viver mais e melhor.

1️⃣ Monitore sua pressão arterial regularmente — mesmo quando estiver tudo bem

A ausência de sintomas não significa que tudo está controlado. A hipertensão é chamada de “assassina silenciosa” justamente porque o paciente se sente bem enquanto danos sérios acontecem.

O monitoramento frequente permite:

• Identificar elevações inesperadas

• Avaliar eficácia do tratamento

• Detectar padrões (piora matinal, vespertina etc.)

• Ajustar estratégias terapêuticas com o cardiologista

O que dizem as evidências?

Estudos mostram que a automedição residencial da pressão arterial (AMPA) reduz erros diagnósticos, melhora adesão ao tratamento e está associada a melhor controle pressórico.

🔎 Referência:

• European Society of Hypertension (ESH), 2023

• AHA Statement on Home Blood Pressure Monitoring, 2021

2️⃣ Não interrompa a medicação quando a pressão “melhora”

Esse é um dos erros mais comuns e perigosos.

Quando a pressão melhora, é porque o tratamento está funcionando. Parar o remédio faz a pressão subir novamente, muitas vezes de forma ainda mais grave pelo chamado “efeito rebote”.

O que dizem as diretrizes?

A SBC, AHA e ESC são categóricas: O tratamento da hipertensão é contínuo, individualizado e de longo prazo.

Suspender medicamentos por conta própria aumenta o risco de:

• AVC (risco até 4 vezes maior em alguns estudos)

• Crises hipertensivas

• Infarto agudo do miocárdio

• Insuficiência cardíaca descompensada

🔎 Referências:

• SBC Diretrizes de Hipertensão, 2020

• AHA/ACC Hypertension Guideline, 2017

3️⃣ Movimente-se diariamente — seu coração precisa disso

A atividade física é um dos pilares fundamentais no controle da pressão.

Não é necessário academia ou treinos intensos. Movimentos simples e consistentes já produzem efeitos profundos:

• Caminhadas

• Subir escadas

• Dançar

• Alongamentos

• Exercícios funcionais

• Bicicleta leve

O que dizem os estudos?

A literatura mostra que 30 minutos de atividade física moderada, 5 vezes por semana, reduzem a pressão arterial sistólica em 5 a 8 mmHg, semelhante ao efeito de algumas classes de drogas anti-hipertensivas.

🔎 Referência:

• American Heart Association – Physical Activity Guidelines

Além disso, exercícios melhoram:

• Resistência vascular

• Função endotelial

• Massa muscular

• Sensibilidade à insulina

• Peso corporal

• Qualidade de vida

• Controle emocional e do estresse

Conclusão: Cuidar da pressão é cuidar do tempo que você ainda tem

Hipertensão não é sobre números — é sobre vida .É sobre estar presente para sua família, seus sonhos e sua história.

Monitorar, tratar corretamente e movimentar-se diariamente são atitudes simples, mas extremamente poderosas. Pequenas escolhas que, repetidas todos os dias, mudam o destino.

Se você é hipertenso ou conhece alguém que é, compartilhe este conteúdo. Informação também salva vidas.

Dr. André Luiz Vidal Gois

Cardiologista – CRM-SP 109666 | RQE 30198

Prevenção cardiovascular e envelhecimento saudável.